domingo, 2 de outubro de 2011

PROFETA

Sou sábio e profeta de minha própria vida. Olho-me nos dias de chuva como se espreitasse um reflexo liso ao fundo de um poço. Somente assim me entendo... Meço o tamanho das minhas loucuras e as raivas que tive durante a semana. Pincelo os defeitos com verniz grosso e espero secar. Possuo tempo para isso. São minhas farsas. Posso dizer que são até mesmo mentiras. Porém, são minhas! Traçadas por mim. Sentidas e ditas por mim.  Cuido dessas minhas feridas de agora e de antes com ataduras brancas. Tanto para esconder. Tanto para preservar.
Ontem aconselhei uma amiga a ser forte. Ser livre e liberta das antigas dores. Irônico. Hipócrita, até! Sendo que eu mesmo não faço isso. Mas eu vivo ao meu modo. Mastigo a ração diária ao meu modo. Lento e pensativo. Sofro? Não tanto quanto antes. Choro? Não mais como vinha chorando. Vivo? Digo que algumas vezes sim, mas não muito. Quando vivemos demais nos esquecemos do amanhã. Vivo apenas das dezessete às duas da madrugada. São meus segundo contados de alegria (ou ilusão dessa!…). Se sou inteligente ou idiota por arrastar-me assim? Nem sim nem não, mas quase sempre a segunda opção, pois somos sempre idiotas por dois terços das nossas vidas, dai sim, percebemos, cansado, que erramos e vamos, só então, viver o resto, sendo sábio e profeta das nossas próprias vidas!

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