domingo, 2 de outubro de 2011

DORMÊNCIA

Perguntaram meu nome na estação. Fiquei pesando sobre o que responder. Fui um pedaço da dor com minhas perdas. Coloquei a mão por dentro do peito e senti a massa mole e dormente do meu coração. Frio! Gelado como todos os meus fôlegos nos últimos dias. Pensei em responder que eu me chamava “Vento”. Um nada perdido na imensidão das chamas. Ele me olhou e esperou pelo meu nome. Olhou meus olhos e sentiu um pouco do meu vazio. Quem eu era, fui deixando aos poucos de ser. Fração sangrada e junção de várias dores. Ele me olhava e olhava… Meu nome estava apagado dentro de mim. Fui sendo aos poucos borrado pelos que diziam me amar. E quase esquecido por mim mesmo. Qual era o meu nome? Eu buscava saber. Ofegando com a certeza e o pavor do esquecimento. Doeu mais do que um zilhão de punhaladas saber que eu havia deixado de ser eu mesmo. Perdi meu baú de segredos vividos, passando a ser mais uma sombra turva e quase humana riscada no chão.
Qual o seu nome? – ele perguntou novamente.
Pensei e respondi: Esquecimento...

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