domingo, 2 de outubro de 2011

A CANETA E EU

Sou escritor. Por meus cadernos rabiscados de histórias. Pelas linhas retas sobpostas por lembranças, apenas isso me define. Um apenas longo e rodeado de outros tantos fatores significativos. Escrever me é tão necessário quanto uma noite bem dormida é indescutível à uma mente insone. A caneta firme entre os dedos consegue, por mim, traduzir em letras os pensamentos indesfráveis, dando-lhes vida.
Escrever é como sorrir: todos sabemos o começo. Todos sabemos o que nos alegra, o que é capaz de desafivelar um riso já quase frouxo. Uma ventania que, embora violenta, nos faz sorrir pela surpresa. Pelas folhas e árvores agitadas que gargalham; pela poeira sem rumo que, erguida do chão, voa como zilhões de pássaros ínfimos sobrevoando as cabeças, emaranhando os cabelos. Mesmo assim sorrimos. Sabemos as palavras. Sabemos dar nomes aquilo que nos fez vibrar e, graças a isso e pela felicidade boba que acompanham esse saber, contamos essa história a outro e a outro mais. Como escrever.
Escrever é chorar o que não foi chorado. É derramar no papel com lágrimas as dores que julgamos serem apenas nossas. Escrever as feridas abertas pelo que pensamos serem amores, pelo que pensamos serem carinhos. As palavras rabiscadas pela solidão são sinceras. E, justamente por conhecermos essa grande mágoa nossa, é que conhecemos as palavras. As justas formas do que nos machuca. Por isso escrevemos. Pelo alívio. Pela calma. Por conseguirmos com uma conversa impar uma amigo que nos intende.
Entre as mágoas e as tristezas; entre um despertar tranquilo e feliz um escritor escreve. Buscando a cena perfeita, o beijo perfeito que melhor represente o que esteja envolvendo o seu dia. Escrever sobre o que o toca na pele o que remexe os sentidos dentro da casca. Dá vida a pessoas que sentem dores e alegrias semelhantes as suas. O escritor escrever para que possa dormir de cabeça tranquila. Contudo, o fator fantástico em se escrever não está apenas nas narrativas que acompanham o recheiro dos livros, mas sim em saber que, com suas palavras o escritor conseguiu ouvir de alguém, de um estranho, as palavras que todo ser humano que busca carinho espera ouvir pelo menos um vez sequer em sua vida: “eu te entendo!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário