domingo, 2 de outubro de 2011

Adormecido...


Estive adormecido por esses tempos. Desligado dos fatores internos que desenhavam minhas escolhas. O externo me controlava. Domesticava-me. Tornei-me por meses um animal calado, quieto até. Daqueles que dormem, esfregam-se nas pernas alheias e depois é deixado pelo canto. Solitário. Maldita solidão que me ajudava! Somente ela oferecia seus ombros largos para que eu deixasse pendida a minha cabeça cansada. 
Estive miseravelmente desligado do mundo. De mim mesmo, pois há tempos não sentia veias pulsantes dentro dessa casca vazia. Dai, felizmente, quando acreditei estar tolamente feliz com essa vida "bichana", acordei com uma sacudida inesperada. O Bom Senso voltou violento.
- ACORDA, SEU IDIOTA! OLHA NO QUE VOCÊ SE TORNOU!!!
Ele gritava em meus ouvidos. Brigada tal se eu fosse sua propriedade. 
Erguido, sacudi a poeira imunda das minhas tristezas, das  manchas negras que preenchiam em hematomas meu corpo e pensei...
"DEVO ACORDAR? DEVO RETORNAR E SOPRAR A SUJEIRA DENTRO DESSE CORPO?"
"PARA QUÊ?"
"POR QUÊ?"


Olhei para o homem parado ao meu lado. O Bom Senso não sorria felicitando minha atitude, contudo também não fazia com que deslizassem mágoas por seus olhos enquanto me vigiava de cima. 
Ele apenas estava ali, parado. Agora quieto...
- O QUE AINDA RESTA DE BOM A SE APROVEITAR AI DENTRO? - perguntou ele, tocando meu peito com um dedo rígido de desprezo.

Aquilo me soou um desafio. Um tolo desafio que me fez lembrar os nossos velhos tempos racionais. Seu lábios sorria  em um meio deboche.

- ADIVINHA... - respondi, começando a andar despreocupado com a possibilidade de ter ou não a sua companhia.
Sabia que agora eu estava vivo.
 Novamente... !!!

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